A
Partilha de África ou
Partilha da África , também conhecida como a
Corrida a África ou ainda
Disputa pela África, foi a proliferação de reivindicações
europeias conflitantes ao território africano durante o período do
Neo-imperialismo, entre a
década de 1880 e a
Primeira Guerra Mundial em
1914, que envolveu principalmente as nações da
França e
Reino Unido, embora também participasse do conflito a
Itália,
Bélgica,
Alemanha,
Portugal,
Espanha e, em menor intensidade,
Estados Unidos, este último participou da fundação da
Libéria.
[1]De qualquer maneira, logo no início dos conflitos pela posse da
África, as nações ocidentais controlavam apenas 10% do continente. Em
1875 os territórios mais importantes tanto pela sua extensão quanto pela sua riqueza eram
Argélia, sob domínio
francês;
Colônia do Cabo, controlado pelo
Reino Unido e
Angola, que estava sob o domínio
português.
[2]Os avanços tecnológicos facilitaram a expansão de grandes distâncias. A
industrialização provocou avanços significativos nos transportes e comunicações, especialmente na utilização de
Vapores,
ferrovias e
telégrafos. Os avanços médicos também foram de grande importância, em especial, a descoberta da cura para as enfermidades tropicais. O desenvolvimento da
quinina, um tratamento efetivo contra a
malária, permitiu que a vasta região tropical pudesse ser acessível aos europeus.
Causas da disputa
África e os mercados globais
Esboço do
Canal de Suez realizado em
1881. O Canal era uma das grandes ambições européias para ampliar seus mercados à nível global.
Além disso, o capital excedente era em geral mais rentável que investir no exterior, onde a
mão-de-obra barata, competência limitada e
matérias-primas abundantes desencadearam a grande exploração do continente
africano. Outro atrativo para o
Imperialismo foi a demanda por recursos não disponíveis e/ou escassos da
Europa, especialmente o
Cobre,
algodão,
borracha,
chá e
folha-de-flandres, recursos dos quais os consumidores europeus já haviam se acostumados, e, a indústria do
Velho Mundo se tornara novamente dependente.
De qualquer maneira, na
África - exceto na região da atual
União Sul-Africana em
1909 - a quantidade de capital investido pelos europeus eram relativamente baixa, comparado com outros países, antes e mesmo após a
Conferência de Berlim. Conseqüentemente, as companhias envolvidas no comércio tropical africano eram relativamente poucas, à parte da
Companhia Mineradora de Beers de
Cecil Rhodes. Essas observações podem diminuir o valor dos argumentos pró Imperialistas de alguns
Grupos de pressão coloniais como
"Alldeutscher Verband", ou como
Francesco Crispi ou
Jules Ferry, que afirmavam que alguns mercados protegidos na África resolveriam os problemas dos preços baixos e da superprodução, causados pelos mercados continentais em diminuição. Contudo, de acordo com a clássica tese de
John A. Hobson, exposta em sua obra
Imperialismo de
1902, que influenciaria em
autores tais como
Lenin,
León Trotsky e
Hannah Arendt. Esta diminuição nos mercados Continentais foi um fator chave para o novo período
Neo Imperialista à nível global. Historiadores posteriores haviam notado que tais estatísticas só anularam o fato de que o controle formal da África tropical tinha grande valor estratégico numa era de rivalidades imperiais, enquanto isso o
Canal de Suez havia permanecido como uma localização estratégica. A
Febre do ouro de Witwatersrand de
1886, que levou à fundação de
Johannesburgo e foi um fator importante na
Segunda Guerra dos Bôeres em
1889.,
[3] contou com a "conjunção do supérfluo dinheiro e da supérflua
mão-de-obra que se deram as mãos entre si para abandonar, juntos, o país", que é por si só, de acordo com
Hanna Arendt, o novo elemento da era imperialista.
Motivos estratégicos
Enquanto que a África tropical não era uma região de grandes investimentos, o vasto interior entre a
África do Sul, rica em
ouro e
diamantes, e o
Egito tinham, contudo, um alto valor estratégico, importante para assegurar o fluxo do comércio exterior. O
Reino Unido estava sob uma intensa pressão política, especialmente devido aos partidários do
Partido Conservador para proteger os mercados lucrativos na
Índia britânica,
Dinastia Qing (
China) e
América Latina dos rivais usurpadores. Desta forma, proteger a importante via marítima entre o leste e oeste - O
Canal de Suez - era crucial. A rivalidade entre o
Reino Unido,
França,
Alemanha, entre outras potências européias esteve presente na maior parte do período da colonização.
[2]Desse modo, enquanto a
Alemanha, que havia sido unificada sob o domínio da
Prússia após a
Batalha de Sadowa em
1886 e a
Guerra franco-prussiana em
1870, dificilmente seria uma potência colonial antes do período do
Neo-imperialismo e, participaria das disputas. Tornou-se uma
potência industrial em crescimento que incomodava o
Reino Unido, porém não havia tido a oportunidade de controlar territórios extracontinentais, principalmente devido ao fato de ter a sua unificação tardia, uma fragmentação em vários estados e uma falta de experiência na
Navegação moderna. Fator que mudaria sob a liderança de
Otto Von Bismarck, quem implementou a "
Weltpolitik" (política mundial) e, após de coordenar as bases de isolamento da
França com a aliança entre a
Alemanha e o
Império Austro-Húngaro e mais tarde com a
Tríplice Aliança com
Itália exigiu a
Conferência de Berlim, a qual fixou as regras para um maior controle efetivo dos territórios estrangeiros. O
expansionismo alemão conduziria ao
Plano Tirpitz, implementado pelo
Almirante von Tirpitz, quem também defendeu os decretos de flota em
1898, atrativo numa
luta armada com o
Reino Unido. Em
1914, os decretos haviam dado à
Alemanha a segunda maior força naval do mundo, aproximadamente 40% menor que a frota da
Marinha Real Britânica. De acordo com Tirpitz, essa agressiva política naval estava respaldada mais pelo
Partido Nacional Liberal da Alemanha do que pelos conservadores, demonstrando que as principais sustentações do
imperialismo das nações européias eram a
burguesia.
A Weltopolitik de Bismarck
A
Alemanha iniciou sua expansão mundial na década de
1880 sob a liderança de
Bismarck,
[4] este, encorajado pela burguesia nacional. Alguns deles, dizendo ser do pensamento de
Friedrich List, defenderam a expansão nas
Filipinas e no
Timor; outros decidiram se estabelecer em
Formosa (atual
Taiwan), etc. Ao final da década de
1870, estas vozes isoladas começaram a ser reveladas por uma verdadeira política imperialista, conhecida como
Weltpolitik, que foi ressaltada pela tese mercantilista. Em
1881,
Wilhelm Hübbe Schleiden, um
advogado, publicou
"Deutsche Kolonisation", na qual dizia que " o fomento de uma consciência nacional demandava uma política exterior independente. O
Pangermanismo foi assim ligado às jovens companhias imperialistas da nação. Nos primórdios do ano
1880, o
"Deutscher Kolonialverein" foi criado e teve sua própria revista em
1884, a
"Kolonialzeitung". Esse grupo colonial também foi revelado pelo grupo nacionalista "
Alldeutscher Verband".
Assim, a
Alemanha se transforma na terceira potência colonial na
África, adquirindo um império de 2,6 milhões de
km² e 14 milhões de habitantes, principalmente em suas possessões africanas, como a
Sudoeste Africano Alemão,
Togolândia,
Camarões alemãs e
Tanganica.
[2] A disputa pela África levou Bismarck a propor a
Conferência de Berlim, que se realizou entre
1884 e
1885. Depois do
Entente cordiale de
1904 entre
França e
Reino Unido, a
Alemanha tentou isolar a
França em
1905, com a
Primeira Crise do Marrocos. Isto levou à
Conferência de Algeciras, na qual a influência da
França sobre o
Marrocos foi recompensada pela troca de outros territórios e em seguida a
Crise de Agadir ou Segunda Crise do Marrocos em
1911. Junto com o
Incidente de Fachoda de
1848 entre
França e
Reino Unido, esta sucessão de crises internacionais prova a amargura da luta entre os diferentes impérios, fato que culminou na
Primeira Guerra Mundial.
O conflito de imperialismos rivais
As possessões européias na África em
1914.
Após a derrota na
Primeira Guerra Ítalo-Etíope, a
Itália adquiriu a
Somalilândia em
1899 e toda a
Eritréia no mesmo ano. Em
1911, se envolveu em uma guerra
Contra o Império Otomano, na qual adquiriu
Tripolitânia e
Cirenaica (atual
Líbia).
Enrico Corradini, quem financiou a maior parte da guerra e, mais tarde uniu seu grupo ao jovem
Partido Nacional Fascista, desenvolveu em
1919 o conceito de
Nacionalismo Proletário, imaginou legitimar o imperialismo da
Itália com uma surpreendente mistura de
Socialismo e
Nacionalismo, segundo dizia: "
Devemos começar por reconhecer o que há tanto nações cujas condições de vida estão sujeitos ao modo de vida de outras nações. Uma vez que isto é compreendido, o nacionalismo deve insistir firmemente nesta verdade. A Itália é, materialmente e moralmente uma nação proletária[1][2] A
invasão da Etiópia em
1935 e
1936, ordenada por
Benito Mussolini, seria na realidade uma das últimas guerras de colonização, ocupando a
Etiópia durante cinco anos, que havia permanecido como o último território independente da
África. A
Guerra Civil Espanhola, para alguns é o início da Guerra Civil Européia. Por outro lado, os britânicos abandonaram seu isolamento em
1902 com a
Aliança Anglo-Japonesa, que permitiu ao
Império do Japão sair vitorioso na
Guerra Russo-Japonesa (
1904-
1905). O
Reino Unido firmou então o
Entente Cordiale com a
França em
1904 e em
1907 a
Tríplice Entente, que incluía a
Rússia que se opôs à
Tríplice Aliança que
Bismarck havia formado tão pacientemente.
A Sociedade Americana de Colonização e a fundação da Libéria
Assim,
Jehudi Ashmun, um dos primeiros líderes da
ACS, visualizou um Império Americano na
África. Entre os anos
1825 e
1826, fez o possível para arrendar, anexar e/ou comprar terras tribais em torno da costa e perto de importantes rios que conduzem ao interior africano. Igualmente que seu predecessor, o tenente
Robert F. Stockton, em
1821 estabeleceu um lugar para a
Monróvia persuadindo a um chefe local, a quem se referia como "Rei Peter", para vender o
Cabo Mesurado apontando uma pistola em sua cabeça,
Ashmun estava preparado para usar a força para estender o território de sua colônia. Em um tratado de
maio de
1825, o "Rei Peter" e outros reis nativos concordaram em vender as terras. Em
março de
1825, a
ACS iniciou uma publicação trimestral da "
revista colonial do repositório africano".
Ralph Randolf Gurley, foi quem encabeçou a sociedade até
1844. Concebido como órgão primordial da sociedade, o
Conceived as the Society's propagand organ, o repositório prometeu tanto a colonização quanto a
Libéria.
A sociedade controlou a colônia de
Libéria até
1847 quando os britânicos se anexaram no assentamento, a
Libéria foi proclamada um estado livre e independente, transformando-se assim com a primeira nação africana descolonizada. Em
1867, a sociedade havia mandado mais de 13 mil
emigrantes. Depois da
Guerra Civil Americana (
1861-
1865), quando as pessoas tentaram ir à
Libéria, o suporte financeiro para a colonização havia diminuído. Durante seus últimos anos, a sociedade se focou em projetos educacionais e missionários na
Libéria mais do que na
emigração.
[7][editar] Sucessão de crises prévias à Primeira Guerra Mundial
[editar] A colonização do Congo
-
Em
1890 o
Estado Livre do Congo havia consolidado o controle do território entre
Kinshasa e
Kisangani, ao mesmo tempo que a
Companhia Britânica da África do Sul de
Cecil Rhodes estava expandindo até o norte do
Rio Limpopo.
[9] e, a atenção se centrava onde suas expansões se encontravam,
Katanga, local do
Reino Yeke de
Msiri. Além de possuir a força militar mais potente da região,
Msiri comercializa grandes quantidades de
Cobre,
marfim e
escravos e rumores de que havia
ouro chegaram rapidamente aos ouvidos dos
europeus. A disputa por
Katanga foi um perfeito exemplo do período.
Rhodes e a
Companhia Britânica da África do Sul mandaram duas expedições à
Msiri em
1890 sob o comando de
Alfred Sharpe, que foi desprezado, e
Joseph Thomsom, quem não conseguiu chegar à
Katanga. Em
1891 Leopoldo mandou quatro expedições:
"Le Marinel" da qual só se pode obter uma carta;
"Delcommune" foi desairada; a expedição bem armada
"Stairs" tinha ordens para tomar
Katanga com ou sem o consentimento de
Msiri, o acesso foi negado e ele, foi fuzilado, decapitado e sua cabeça foi cravada num poste como forma de intimidação da população, uma "lição barbárica"; e a expedição
"Bia" que tinha como missão estabelecer uma administração e uma presença policial em
Katanga.
[editar] O Canal de Suez
-
Ferdinand de Lesseps havia obtido concessões de
Ismail Pasha, o líder do
Egito, entre os anos de
1854 e
1856, para construir o
Canal de Suez. Algumas fontes estimam a força de trabalho de 30 mil trabalhadores, porém outros estimam que até 120 mil trabalhadores morreram durante os dez anos de construção, devido à
desnutrição,
fadiga, entre outras
enfermidades como a
Cólera. Pouco após seu término em
1869,
Isma'il Pasha tomou empréstimos de grandes quantias de dinheiro de banqueiros franceses e ingleses com altas taxas de juros. Em
1875, ele estava enfrentando dificuldades financeiras e foi obrigado a vender sua parte no canal. Essas partes foram divididas pelo
primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli, que buscou dar ao seu país controle prático no manejo desta estratégica via marítima. Quando
Ismail Pasha se negou a reconhecer a dívida externa do
Egito,
França e
Reino Unido assumiram o controle financeiro conjunto do país, forçando ao mandatário egípcio a abdicar. As classes governantes egípcias aceitaram com agrado a intervenção estrangeira. A
Revolta de Urabi se desencadeou contra o
Quediva e a influência européia em
1882, um ano após a
Revolta Mahdista.
Muhammad Ahmad, que se auto proclamou o
Mahdi, liderou a rebelião e foi reprimido por
Horatio Herbert Kitchener em
1898. O
Reino Unido a partir de então assumiu o controle administrativo do
Egito.
[editar] A Conferência de Berlim
-
A ocupação do
Egito e a aquisição do
Congo foram os primeiros acontecimentos importantes do que se transformaria em uma disputa precipitada pelo território africano. Em
1884,
Bismarck convocou a
Conferência de Berlim para discutir os problemas relacionados à
África. Os diplomáticos se mascararam com uma fachada humanitária condenando o tráfico de escravos, proibindo a venda de
bebidas alcoólicas e
armas de fogo em certas regiões e expressando sua preocupação pelas atividades missionárias. Os
diplomatas em
Berlim estabeleceram as regras de caráter que guiava as potências européias em busca de novas colônias. Também concordaram que a área em torno do
Rio Congo seria administrada por
Leopoldo II da Bélgica como uma área neutra, conhecida como o
Estado Livre do Congo, na qual o
comércio e a
navegação seriam liberados. Nenhuma nação reclamaria nenhum território africano sem antes ter notificado suas intenções aos demais países envolvidos e nenhum território deveria ser reclamado sem antes ser ocupado. Contudo, os países na prática ignoravam tais regras.
[editar] Ocupação britânica do Egito e África do Sul
[editar] Incidente de Fachoda
-
O projeto da ferrovia do
Cairo à
Cidade do Cabo de
Cecil Rhodes. Fundador da
De Beers, uma das primeiras companhias de
diamantes, Rhodes era também dono da Companhia Sul-africana. Ele fez a seguinte declaração: "
todas estas estrelas… estes vastos mundos que se mantiveram fora de alcance. Se pudesse, anexaria outros planetas".
[11] O avanço
francês até o interior da
África foi principalmente desde a
África Ocidental até o leste, através do
Sahel, em torno da borda sul do
Saara, um território que atualmente engloba
Senegal,
Mali,
Níger e
Chade. Seu principal objetivo era possuir uma união ininterrupta entre o
Rio Níger e o
Nilo, controlando desta forma todo o comércio da
região de Sahel, em virtude do existente controle sobre os caminhos das caravanas que atravessavam o Saara. Os britânicos por outro lado, queriam unir suas possessões na
África Austral (atuais
África do Sul,
Botsuana,
Zimbábue,
Lesoto,
Zâmbia e
Suazilândia) com seus territórios em
África Oriental (atual
Quênia) e essas duas com o nascimento no nilo.
Sudão era a chave para a realização destas ambições, especialmente desde que o
Egito esteve sob o controle britânico. Esta "linha vermelha" através da áfrica foi o feito mais famoso de
Cecil Rhodes. Junto com
Lord Milner, o (ministro colonial britânico na
África do Sul), Rhodes defendeu tal império de "Cabo a Cairo" unindo com vias férreas o
Canal de Suez com a parte rica em minerais do sul do continente. Enquanto que impedido pela ocupação alemã de
Tanganica até o final da
Primeira Guerra Mundial, Rhodes exerceu pressão com êxito em nome do império.
Um exército sob o comando de
Jean-Baptiste Marchand chegou primeiro ao forte estrategicamente localizado em
Fachoda, seguidos muito de perto pelo batalhão britânico comandado por
Horatio Kitchener, comandante e chefe da armada britânica desde
1892. Os franceses se retiraram após um empate, e continuaram pressionando os reclamos de outros postos da região. Em
março de
1899 os franceses e britânicos concordaram que os nascimentos dos rios
Nilo e
Congo marcaram a fronteira de seus domínios.